terça-feira, 16 de novembro de 2010
“The Neverending Social Network”
Título: "The Social Network"
Duração: 121 min
Género: Biografia| Drama|
Realizador: David Fincher
Sinopse: Um aluno sobredotado decide, com a ajuda do seu melhor amigo, criar um novo conceito de rede social. A partir daí não olha a meios para desenvolver aquela que se virá a revelar a mais popular rede social – o Facebook.
Quando pensamos em David Fincher, considero que é difícil não se sentir uma deliciosa sensação psíquica, pois, automaticamente, nos recordamos de filmes como “Fight Club” e “Se7en”. Filmes esses que serviram de pilares para a construção de uma invejada reputação enquanto realizador. Com “The Social Network”, a história conseguiu repetir-se. Mas não totalmente. Não da mesma forma. Não de modo tão completo. Em ambos os filmes, inicialmente referidos, existem magníficos twists finais que nos deixam de boca aberta. Digamos que no novo filme de Fincher esse momento não acontece. Ansiamos e ansiamos. Do inicio até ao último minuto para o seu final e…ele não acontece. Esperamos que nos tenha presenteado com um final secreto, tal como em alguns blockbusters, mas isso não acontece. Esperamos por uma mensagem subliminar, porém isso nunca acontece. Esperamos pelo regresso do antigo Fincher, aquele que arrebatadoramente nos surpreendia e nos dava um murro no estômago com uma narrativa brilhante, mas isso, desde “The Curious Case of Benjamin Button” (2008), que já não acontece! Apesar da mudança de estratégia do realizador, neste filme baseado no Facebook, deparámo-nos com um argumento brilhante, soberbo, empolgante, que nos deixa colados ao ecrã, na tentativa de conseguir acompanhar todo um ritmo fulminante e hiperactivo. É como correr uma maratona que não parece ter fim à vista e, quando o vemos, a paragem é tão brusca que nos sentimos ingratos pelo desafio que nunca conseguimos ganhar! Mais uma vez, à semelhança de “Fight Club”, Fincher consegue representar toda uma sociedade. Da sociedade consumista passa para a sociedade da informação. Onde basta um clique para se criar algo, ser alguém, no meio de milhões de pessoas.
O filme foi adaptado a partir da obra de Ben Mezrich, que foi baseado na história real de Mark Zuckerberg e Eduardo Saverin, contada pelo ponto de vista do último. Portanto, é possível que seja demasiado tendenciosa, que Zuckerberg não seja na realidade um nerd tão calculista e ingrato, como é passado na película. As personagens são incríveis. Há uma verdadeira percepção de que estas são verdadeiras, Jesse Eisenberg está óptimo no papel. Desde "Zombieland" que o actor não para de surpreender. Digo agora aos críticos: Qual Michael Cera, qual quê?! Mas Andrew Garfield (“Dr.Parnasus”) brilha também. Este deixa-nos a ansiar ser o seu melhor amigo. Até o Timberlake (“Alphadog”) faz um papel satisfatório (estereótipos à parte). O cast é admirável; tão jovens e tão eficazes. (“Adventureland”)
A montagem paralela dá uma cadência excepcional à metragem. Para não falar da excelente banda sonora, cujo responsável Trent Reznor já se deve sentir orgulhoso por tamanho feito!
No que perde em não ter um clímax, ganha ao ter estes elementos tão extraordinariamente bem pensados! Afinal a marca de Fincher ainda se encontra lá. O filme acaba. E penso que falta algo. Penso para mim: não estou satisfeita, quero mais, por favor! Sim, o tio Fincher habituou-nos mal. Talvez não se deva encarar o filme como um falhanço do realizador, talvez se deva culpar apenas o excesso de expectativas criadas, talvez se deva olhar de frente para a película e encarar que é excelente enquanto biopic e que esta cumpriu a sua missão – a de dar a conhecer a origem do FB e o drama real e inacabado de Mark Zuckerberg.