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domingo, 24 de outubro de 2010

"Adventureland"

Adventureland, Greg Mottola, 107 min, Comédia, Drama, Romance, Canadá, 2009,

Embora não tenha chegado às nossas salas de cinema, ‘’Adventureland’’ mostra bastantes afinidades com filmes que todos nós já tivemos a oportunidade de ver. À semelhança de ‘’Juno’’, é incrivelmente dramático, todavia extremamente divertido e leve. É um novo estilo ‘indie’. Os actores são conhecidos (apesar de jovens), o argumento envolve um romance pouco convencional, geralmente juvenil, e um pequeno orçamento é acompanhado por mais uns zeros à direita e não por uma câmara e conjunto de actores desconhecidos como outrora acontecia.

Do mesmo realizador de ’Superbad’, não é de estranhar as similaridades também existentes entre ambos; o mesmo estilo de cast é apresentado – salientando o protagonista que é sempre uma espécie de ‘anticool’, de adolescente com mau karma e que de repente vê a sua vida mudar.

Greg Mottola reúne um leque de actores muito distintos, o que poderia acabar num verdadeiro falhanço. No entanto a receita até funciona bem, apesar de Kristen Stewart - conhecida de filmes como ‘Crepúsculo’’ e o mais esquecido ‘Sala de Pânico’ - continuar a parecer, por vezes, apática e pouco preparada para papéis que exijam alguma versatilidade e não só saber as deixas; há a falta de alguma química entre a personagem de Jesse Eisenberg (James) e de Kristen (Em), o que empobrece um pouco o filme. Porém, é de ressalvar a prestação de Eisenberg – que futuramente estreará nos grandes ecrãs nacionais como protagonista em ‘The Social Network’. Embora faça lembrar as múltiplas e sócias personagens de Michael Cera, não é de deixar passar que consegue dar na perfeição vida à respectiva personagem. Apesar da lacuna que Kristen representa (pois acredito que outra actriz, talvez não conhecida, fizesse um melhor papel) a quebra é camuflada pelo argumento, que envolve o público.

O filme brilha em mais alguns aspectos. As deixas são um exemplo de como um filme pode ter uma excelente combinação de dualidade de género; escárnio e desgraça que podem ser exprimidos por uma das marcantes taglines :” It was the worst job they ever imagined… and the best time of their lives.”

As peripécias da personagem principal são bastante realistas. Vários temas são expostos de um modo pouco penoso, desde a falta de dinheiro à traição, tudo passa por “Adventureland”. Até o actor Ryan Reynolds. Este surge-nos num papel mais negativo do que aquele que estamos acostumados a ver nas comédias românticas, ou ‘teen’, que anteriormente protagonizou (Van Wilder).

A nível técnico não existe nada de particular a valorizar. É bastante linear e simplista, sem grandes efeitos ou recurso a planos invulgares; há apenas um predomínio da reconstrução do ambiente vivido no fim dos anos 80 – a roupa, as músicas, os penteados, entre outros aspectos - , que é de louvar por ser tão fidedigno.

Embora não consiga fazer sombra ao sucesso de Jason Reitman, que já tem três filmes muito conhecidos no seu currículo, Greg Mottola fez um óptimo trabalho. Não foi só a realização, mas também a escrita do argumento que são da sua autoria. Além de que supostamente este usa o filme para retratar alguns momentos biográficos da sua juventude. Talvez isso justifique o porquê do evidente aprofundamento psicológico de quase todas as personagens. Paralelamente aos pontos positivos, pode-se encontrar ainda alguns pontos negativos. O filme não consegue fugir ao eterno cliché do romance que no fim vence, nem a uma história que se vê solucionada perto do clímax, como “500 days of summer” orgulhosamente consegue. Mas, pelo menos, se este género continuar a proliferar, posso dizer que vale a pena, pois, se não abusarem do conceito, é uma boa escapatória para a trivialidade em que caiu o género comédia romântica ou comedia ‘teen’, um lugar-comum onde, infelizmente, não há realmente uma história.

Crítica por Andreia Mandim


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