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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Up...Altamente?

UP-Altamente” é um dos mais recentes filmes da Pixar que mistura ficção e realidade. Através de uma história de amor, aventura, nostalgia e utopia, a película animada expõe um tema bem real e intemporal – a dos sonhos perdidos no tempo.

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Cena da película "UP! - Altamente". Foto: cinema.sapo.pt

Carl Fredricksen é a personagem principal. A sua vida é o fio condutor para o desenvolvimento de toda a história, que retrata o quão breve pode parecer uma vida repleta de felicidade, de sonhos e de companheirismo. Contudo, tal como o velho ditado diz: “O que é bom passa depressa.” E foi isso mesmo que aconteceu a Carl. A vida da personagem passa vários estádios. O filme inicia-se com a figura de Carl em criança. É em pequeno que cedo encontra a pessoa que, mais tarde, se revelará a “companheira para toda a vida”. Brincam, sorriem, crescem e apaixonam-se. Já adultos tentam alcançar alguns dos seus sonhos de infância; a sua casa é um exemplo. No entanto, outros sonhos são deixados para trás… O sonho laboral de infância é substituído pela profissão de vendedor de balões. E passam-se assim vários anos.

Um dia o vendedor de balões reformado decide concretizar, em conjunto com a sua mulher, o seu maior desejo, mas… a sua amada morre e este fica sozinho. A vida em casal dá lugar a uma vida de solidão. Para não me arriscar a ser ‘spoiler’, fico-me por aqui no que toca à descrição do argumento do filme de Pete Docter .

Apesar de ser um filme de animação e, por isso, a maioria das pessoas achar que é dirigido apenas às crianças, os assuntos que são tratado em “UP” são bastante sérios. O medo da solidão, a velhice, a mudança, os sonhos deixados para trás, assim como a morte, são alguns deles. Este é um filme de formato para o público mais novo – de animação - mas que possui um argumento extremamente adulto. Talvez o autor tenha pensado também nos pais quando escreveu o argumento, ou, pura e simplesmente, tenha achado importante dar a conhecer o mundo tal como ele é.

Também as personagens têm um papel para além do vulgar. Elas actuam um pouco como personagens-tipo, que dão corpo à “velhice”- Carl - e “infância”- Russel.

O filme mexe com o público, que pode rir, chorar e pensar enquanto assiste ao filme, pois este permite que o façamos. A velhice é algo temido, contudo penso que os criadores desta película, que também são os de “Nemo” e “Monsters Inc.”, também querem dar a conhecer o outro lado da moeda. Deixar ver para lá do que nos assusta, ver que pudemos aproveitar a vida mesmo quando já parece tarde demais.

A nível estético não há muito para dizer. Assemelha-se bastante aos outros filmes produzidos pela parceria da Disney – Pixar. Pelos críticos, em Portugal, foi classificado como um filme mediano, de apenas três estrelas. No entanto, nos EUA foi caracterizado como uma metragem de animação muito interessante e de admirável argumento, assim como as personagens. Não é, pois, de admirar que seja um dos filmes nomeados para os Óscares e que tenha sido o segundo na história do cinema a competir lado a lado com filmes que não são de animação na categoria de "Best Picture", para além de também estar indicado para o a categoria de melhor filme de animação e ainda o facto de ter sido duplamente premiado – na categoria de melhor filme de animação e melhor banda sonora na 67ª edição dos Globos de Ouro.

Sendo assim, penso que é possível afirmar que ‘UP’ é claramente um filme que não foi criado apenas para entreter, mas sim para passar uma importante mensagem: que os filmes de animação também podem ser sérios e grandes filmes; tal como afirmou o seu autor. Deste modo, dia 7 de Março espero que Up pise o tapete vermelho do Kodak Theater e saia de lá com uma das estatuetas douradas, que raramente premeiam filmes deste género. Parece-me justo. Mas a verdade é que nem Thomas Edison conseguiu encontrar uma fórmula eficaz para o sucesso, assim como Up, aos olhos de alguns, pode não encontrar.

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