quinta-feira, 19 de agosto de 2010
'Cidade de Deus': Aqui tudo é possivel !
Ontem vi um filme chamado 'Cidade de Deus'. É quase impossível que nunca tenham ouvido falar desta metragem, pois em 2003 teve uma grande visibilidade. Apesar de ter uma ideia que o realizador seria conhecido, confesso que só quando comecei a ver o filme é que percebi que Fernando Meirelles era o realizador do mesmo. Tal como em 'Blindness', de 2008, Meirelles prima por passar uma imagem fria, crua e bem terra-a-terra daquilo que é uma vida medíocre numa favela, onde o crime reina e o dia seguinte pode nunca existir.
Antes de o ver, como só foi ontem, devido a vários factores... Tempo, ver outros filmes, não me cativar muito por ser brasileiro. Não é preconceito, simplesmente tenho noção que há uma abordagem diferente e que, embora o cinema brasileiro dê 5 a 0 ao cinema português, ainda está muito aquém do que se faz tanto na Europa como nos EUA. Mas a maioria das pessoas disse-me que gostou muito do filme. Só uma me disse o contrário - que não. Por isso, fui para a frente do meu LCD e Home cinema meia confusa. A minha decisão no fim do filme foi bem diferente de qualquer resposta quase mecânica que me deram quando perguntei se gostavam do filme .Neste sentido, é impossível, pelo menos para mim, dizer objectivamente se gostei ou não da película. Sinceramente, precisa de a ver pelo menos mais uma vez para ter uma opinião definitiva. Porém, a minha opinião resvala mais para o lado do SIM, gostei. Isto porque penso que o realizador explorou a história e explanou-a da única forma que seria possível; de um modo real. As personagens são bem verídicas, assim como o seu campo psicológico. Há um monte de analepses, o que tona 'Cidade de Deus' bastante rica. Tem também uns efeitos bonitos de ver. Ficou acima das minhas expectativas, revelo. Estava à espera de algo mais 'descomplexado', sem grandes pormenores e mais para chocar. Mas deparei-me quase com o oposto. A parte de chocar estava lá, mas era indispensável, contudo a parte complexa existia e,com ela, muitos detalhes que à primeira vista poderiam passar despercebidos. O facto de a personagem 'Buscapé', protagonista que acaba por não o ser durante grande parte da história, ser o narrador e ter o cuidado de ao longo da história quando se mudavam nomes não o fazer logo, primeiro explicava porquê e depois referia-se ainda algumas vezes à pessoa com o nome antigo, todavia gradualmente passava a referi-la com o novo nome; o que dava a sensação de passagem de tempo. Brilhantemente pensado estes pequenos pormenores dão um toque de grande profissionalismo à obra de Fernando Meirelles. No entanto, há também alguns erros. Tenho quase a certeza que a história do motorista do bus, nunca chega a ser contada, embora o narrador diga que será. Mas corrijam-me se não for verdade.
Porém, é difícil comprara ou isolar um filme deste calibre e género. É bem longo. É interessante. É cru. É verídico. E é falado em português, o que o torna particularmente apetecível; é uma nova descoberta do que há de promissor na nossa língua, mesmo que não seja feito por Portugal.
O nome 'Cidade de Deus' não poderia estar melhor, actua de um modo irónico, o título mas, ao mesmo tempo, também actua como definidor do que o filme quer realmente transmitir: nesta cidade há um milagre, e esse milagre é 'Buscapé' ter preferido uma vida honesta à fama, conseguindo, com isso, alcançar o seu sonho, o de ser um fotógrafo; tudo é possível na 'Cidade de Deus' basta acreditar!
Trailer
Antes de o ver, como só foi ontem, devido a vários factores... Tempo, ver outros filmes, não me cativar muito por ser brasileiro. Não é preconceito, simplesmente tenho noção que há uma abordagem diferente e que, embora o cinema brasileiro dê 5 a 0 ao cinema português, ainda está muito aquém do que se faz tanto na Europa como nos EUA. Mas a maioria das pessoas disse-me que gostou muito do filme. Só uma me disse o contrário - que não. Por isso, fui para a frente do meu LCD e Home cinema meia confusa. A minha decisão no fim do filme foi bem diferente de qualquer resposta quase mecânica que me deram quando perguntei se gostavam do filme .Neste sentido, é impossível, pelo menos para mim, dizer objectivamente se gostei ou não da película. Sinceramente, precisa de a ver pelo menos mais uma vez para ter uma opinião definitiva. Porém, a minha opinião resvala mais para o lado do SIM, gostei. Isto porque penso que o realizador explorou a história e explanou-a da única forma que seria possível; de um modo real. As personagens são bem verídicas, assim como o seu campo psicológico. Há um monte de analepses, o que tona 'Cidade de Deus' bastante rica. Tem também uns efeitos bonitos de ver. Ficou acima das minhas expectativas, revelo. Estava à espera de algo mais 'descomplexado', sem grandes pormenores e mais para chocar. Mas deparei-me quase com o oposto. A parte de chocar estava lá, mas era indispensável, contudo a parte complexa existia e,com ela, muitos detalhes que à primeira vista poderiam passar despercebidos. O facto de a personagem 'Buscapé', protagonista que acaba por não o ser durante grande parte da história, ser o narrador e ter o cuidado de ao longo da história quando se mudavam nomes não o fazer logo, primeiro explicava porquê e depois referia-se ainda algumas vezes à pessoa com o nome antigo, todavia gradualmente passava a referi-la com o novo nome; o que dava a sensação de passagem de tempo. Brilhantemente pensado estes pequenos pormenores dão um toque de grande profissionalismo à obra de Fernando Meirelles. No entanto, há também alguns erros. Tenho quase a certeza que a história do motorista do bus, nunca chega a ser contada, embora o narrador diga que será. Mas corrijam-me se não for verdade.
Porém, é difícil comprara ou isolar um filme deste calibre e género. É bem longo. É interessante. É cru. É verídico. E é falado em português, o que o torna particularmente apetecível; é uma nova descoberta do que há de promissor na nossa língua, mesmo que não seja feito por Portugal.
O nome 'Cidade de Deus' não poderia estar melhor, actua de um modo irónico, o título mas, ao mesmo tempo, também actua como definidor do que o filme quer realmente transmitir: nesta cidade há um milagre, e esse milagre é 'Buscapé' ter preferido uma vida honesta à fama, conseguindo, com isso, alcançar o seu sonho, o de ser um fotógrafo; tudo é possível na 'Cidade de Deus' basta acreditar!
Trailer
3 comentários:
Bem, como brasileiro e vindo de uma situação de vida bem próxima à do protagonista Buscapé, considero o melhor filme nacional que tive o prazer de assistir em toda minha vida.
23 de fevereiro de 2011 às 09:08Na verdade, em minha opinião o filme foi o marco da virada de filmes sem grandes qualidades filmados com dinheiro dos meus impostos para diretores que não se importavam com o público para filmes melhores e com foco não só na crítica mas no público.
Explico, me cansei de ver filmes falando sobre a vida de jovens ricos do centro do Rio de Janeiro desperdiçando suas vidas em drogas, xingamentos, traições e mau-caratismo ou filmes em que o sexo era o tema principal, seja de forma dramática seja cômica.
E o que mais me tocou em Cidade de Deus foi algo bem singelo e que, como eu comentei acima, corresponde a meu modo de ver as coisas:
Ao contrário do filme contemporâneo Carandirú, em que todo mundo lá dentro, do traficante ao assassino é "vítima das circunstâncias", praticamente um inocente que cometeu um erro, em Cidade de Deus as coisas são realistas.
Todos tiveram oportunidades de se redimir, de fazer o certo ou, ao menos, sabiam que o que faziam era errado. Alguns, como Buscapé, até tentaram entrar pro mundo do crime, mas não conseguiram... O filme não passa a cabeça nas mãos do criminoso nem o mostra como vítima da sociedade, mas como alguém que sabe o que faz e o faz por que quer.
Só essa mudança de visão, já me valeria o filme por muuuuito tempo.
Cidade de Deus e Gladiador foram os unicos filmes que assisti 2 vezes no cinema. Realmente os melhores que assisti ate hj.
16 de setembro de 2012 às 17:56Cidade de Deus e Gladiador foram os unicos filmes que assisti 2 vezes no cinema. Realmente os melhores que assisti ate hj.
16 de setembro de 2012 às 18:01Enviar um comentário